Cérebro nas Escolas
Pois é.. sabiam que esta semana foi a semana internacional do cérebro? Como projecto de neurocientista que sou andei por algumas escolas a explicar a meninos do 6º e 9º ano como funcionava o cérebro e o que é que as drogas lhe faziam. Foi uma óptima experiência, porque aprendemos realmente muita coisa quando somos obrigados a trocar por miúdos informação que seria facilmente desviada com um mero “isso é difícil de explicar” ou ”os cientistas não sabem bem como a coisa funciona” :) Fiquei muito contente por ser um tema que consegue captar a atenção dos miúdos mais irrequietos e pô-los a fazer perguntas durante mais de meia hora, até depois de tocar a campainha! E todos nós lembramos como a campainha era importante nas nossas vidas! O melhor ainda foi verificar as diferenças entre uma escola pública metida entre dois bairros sociais e um colégio privado em que os alunos tinham um auditório digno de uma sala de espectáculos. Contra todas as expectativas, encontrei na escola pública miúdos mais atentos e interessados e com perguntas mais pertinentes. E encontrei nos professores pessoas dignas de todo o meu respeito, por conseguirem levar crianças com todo o tipo de dificuldades a GOSTAREM de estar na escola, a fazer experiências sobre o crescimento de feijões e comportamento de animais depois das horas de aulas. Afinal, basta motivação e não uma escola nova para manter aqueles jovens cérebros a funcionar...
Alguns momentos engraçados... e perguntas difíceis de responder!
- Eu sei bem que não é o coração que sente. Mas então onde é que está o amor? No cérebro?
- Porque é que eu gosto daquela menina e não de outra?
- Porque é que eu sonho com coisas e depois no dia seguinte elas acontecem?
- Porque é que a gente vê fantasmas?
- Porque é que as pessoas morrem de tristeza?
- Porque é que eu não sou canhoto e uso a mão esquerda para me masturbar?
- Que parte do cérebro é que controla o meu desejo sexual? (muitos muitos risinhos)
- Porque é que eu ontem me aleijei no dedo e agora me dói o osso?
- O que é que aquelas barrinhas que a gente desfaz e depois fuma... ahh não me lembro de nome... fazem ao cérebro? (6º ano)
- O que é um aneurisma? (uma certa personagem de telenovela tinha um aneurisma. Eu ouvi esta pergunta umas 10 vezes) e uma trombose? E um AVC? E um derrame? E a tuberculose? E um tuberculoma?
- Sabes? Eu um dia estava a ver os morangos com açúcar e a (alguém) estava a tentar matar a mãe da Ana Luísa e depois eu sonhei que estava a matar os meus amigos...
- O meu avô tem Alzheimer e Parkinson! Se as pessoas têm Alzheimer e Parkinson ao mesmo tempo como é que sabemos que têm as duas doenças?
- Os canabinóides (da ganza) têm alguma coisa a ver com aerossóis?
- Um tipo que eu conheço espetou uma seringa na perna e depois ficou sem perna.. porquê?
3 Comments:
Eu estou convencido que só conseguimos explicar uma coisa complexa de uma maneira simples quando realmente a percebemos. E é com as perguntas mais simples que somos colocádos 'em cheque'. Deve ter sido uma experiencia enriquecedora p ambos os lados...
Sempre frequentei escolas públicas e essa sempre foi uma realidade "normal" no meio onde cresci, foi quando passei a viver em lisboa que conheci uma outra realidade, a dos colégios particulares!!! Esta segunda é uma realidade que nunca experimentei mas sobre a qual tenho ouvido muitos testemunhos. Não querendo generalizar, com o medo de ser injusta na minha avaliação, o que tenho ouvido é que esses colégios estão repletos de crianças arrogantes que agem como se fosse uma provação ouvir aqueles professores que nada de novo têm a ensinar-lhes, uma vez que já sabem tudo... É nas ditas escolas públicas "problemáticas" que muitas vezes encontramos crianças com vontade de aprender e que só esperam ser tratados com algum respeito e carinho! Pelo que li no teu post acho, tal como o sohjiro, que deve ter sido uma experiencia muito positiva para ti e para eles! É muito engraçado perceber os milhares de dúvidas que lhes habitam o espírito!!
Foi realmente muito enriquecedora. O que dizes sobre a arrogância dos alunos do colégio é verdade.. senti isso na pele quando tentava falar sobre Alzheimer e só ouvia risinhos, e depois quando tive de ouvir comentários totalmente despropositados. Mas também não sei dizer se o caso é generalizado porque só fui a um colégio.
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