quinta-feira, setembro 15, 2005

Tempo

Um poema, de alguem muito especial, que me foi dedicado...

Tempo

No refúgio das músicas que se ouvem e não cansam
das palavras que saem sem que as controlemos
e os suspiros que emergem sem que tenhamos vontade de suspirar.
As mãos que queremos que se unam às nossas e não conseguimos,
Nunca o tornamos real.

A cada mergulho no esquecimento provocado.
A cada coisa mínima que recordamos
que pensamos ser do passado e é ainda tão recente.

Saudosismo por pessoas invulgarmente especiais,
reencontros inesperados salpicados por ternuras armazenadas.
Coisas que recalcamos sem perceber porquê,
porções de tanto que percebemos que nunca esquecemos.

Momentos de contradições, desconstruções e emoções.
Sente-se a falta do que nunca se teve, mas que se quis tanto.
Sente-se falta do passado e da inocência das coisas.

Nos momentos de maior inquietação lembramo-nos de banalidades
de coisas ditas, escritas e tão emerticamente guardadas em nós.

Pensamos na nudez.
Na nudez do nosso Ser, as coisas que nunca quisemos dizer
e, ainda assim, as dissemos, com a sinceridade própria de crianças
mas com a devastação das palavras dos adultos.

Na frigidez dos nossos pensamentos gastos recordamos coisas boas,
porções inesquecíveis de tempo.
Pedaços de nada e de coisa alguma
mas sempre tão torrenciais e doces.


PC