quinta-feira, agosto 18, 2005

Conselhos às mal-casadas


..." Todo o prazer é do cérebro, todos os crimes que se dão, é só em sonhos que se cometem! (...) É fincando os pés no solo que a ave desprende o voo. Que esta imagem, minhas filhas, vos seja a perpétua lembrança do único mandamento espiritual. Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vícios, sem trair o marido, nem sequer com um olhar - a volúpia disso, se souberdes consegui-lo. Ser cocotte para dentro, trair o marido para dentro, está-lo traindo nos abraços que lhe dais, não ser ele o sentido do beijo que lhe dais - oh mulheres superiores, ó minhas misteriosas Cerebrais - a volúpia é isso." ...
"Conselhos às mal-casadas"
(As mal-casadas são todas as mulheres casadas e algumas solteiras) lol lol
in O Livro do Desassossego

E posto isto, pergunto-me... afinal quando começa a traição? Podemos trair sem actos? E será esse tipo de traição algo condenável? Ou antes algo naturalmente humano e inevitável? E já agora... porque não nos conseguimos desprender do "nobre" sentimento de posse? Uma relação séria não se pode estabelecer sem um sentimento de posse? Pelo menos de posse sexual. A sentimental é outro assunto... Este Bernardo Soares deixa-nos de facto... desassossegados... :D
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1 Comments:

At 02:23, Anonymous Anónimo said...

Achei o tema e as perguntas muito interessantes. Aqui vão algumas ideias.
O problema da traição, para mim, é principalmente algo pessoal e consciente, e independente do outro. E como tal, o seu inicio é fruto apenas da nossa consciência. Pessoamente acho que traição pode existir sem actos, e nesses casos até pode ser mais "dura". E podemos trair o outro sem trair a nossa consciência.

O sentimento de posse é essencialmente sentimental, sendo o sexual um dos resultados. Acredito que uma relação se pode estabelecer sem esse sentimento de posse. No entando, sem a posse sentimental acho que será "dificil" essa relação.

 

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