terça-feira, abril 19, 2005

Mais poesia, mais saudosismo...

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro são planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque és de todos os ausentes o ausente.

Sophia de Mello Breyner Andresen

1 Comments:

At 01:56, Anonymous Anónimo said...

Sempre gostei deste poema! boa escolha...

 

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