segunda-feira, abril 04, 2005

Sohjiro...



"The strong live, the weak die. The true words Mr. Shishio taught me. But is being weak so wrong? I killed, but I didn't really want to kill them. Yes. In the rain, I smiled, but I was really crying. I was really crying."

Para haver um bom herói, tem de haver um bom vilão. E Sohjiro Seta foi um vilão extraordinário. O facto de sorrir permanentemente e não demonstrar qualquer emoção tornava-o invencível porque os seus oponentes não conseguiam 'ler' o seu próximo movimento. Da primeira vez que lutou contra Kenshin, partiu a espada deste em dois. Quando voltou a encontrá-lo, o seu maior elemento de força foi o seu ponto fraco. Kenshin despertou os sentimentos de Sohjiro! Curioso por toda a filosofia de Kenshin, Sohjiro, apesar de se mostrar tecnicamente muito superior a Kenshin, abdicou de várias oportunidades de o eliminar em prol dessa curiosidade. Corrompido, Sohjiro Seta procurou uma nova filosofia de vida.

Durante muito tempo me identifiquei com a personagem... nos meus tempos de adolescente tentava encontrar uma filosofia, tentando seguir algumas que considerava inspiradoras. Durante esse tempo sorria, sem que ninguém percebesse o estado completamente confuso em que me sentia.
E lembro-me, com imenso carinho, da Morgaine, que na altura me deu força para encontrar a minha própria filosofia. A única amiga, cujas palavras iam directamente ao fundo, ao cerne... onde nos tornamos transparentes, vulneráveis, onde há a simplicidade... de onde tudo pode ser reconstruido de novo. E foi o que fiz. Porque nenhuma personalidade coerente pode ser elevada sobre alicerces defeituosos, era da base que tinha de partir.
E as vezes sinto, que elaborei uma personalidade de tal maneira complexa, que mais nenhuma voz toque lá no fundo...

2 Comments:

At 16:48, Blogger Morgaine said...

A nossa personalidade é complexa, uma vez que nunca podemos dizer que está "completamente elaborada". E o facto de nos deixarmos modificar por tudo o que nos acontece justifica essa complexidade, já que são tantos, mas tantos, os caminhos que escolhemos, tantas as pessoas que podemos ser... (demasiadas, talvez...). Uma vez que a complexidade e a maleablidade da nossa personalidade são naturais, para toda a vida, na minha opinião, acho errado pensarmos algo como "Tornei-me assim. Cheguei à maioridade e este é o homem que sou". Não... nós vamo-nos tornando... E sabes uma coisa? à medida que envelheço, creio que sei menos acerca do que sou,custa-me cada vez mais fazer escolhas, ou juízos de valor, porque há tantas coisas que podemos ter em conta, e todas elas podem estar certas. Bem, no meio deste discurso todo, a única ideia que eu queria mesmo transmitir é a de que o Sohjiro tinha de ser assim para desempenhar o seu papel da melhor maneira. A tua vantagem (a nossa vantagem) é que só temos de ser assim de vez em quando, com determinadas pessoas. Fora disso, temos os nossos pequenos refúgios. Entre muitos, está a amizade ;)

 
At 02:17, Blogger sohjiro said...

:) bigadu pelas tuas palavras.
E sim, acho que tens toda a razão quando dizes que a "a maleablidade da nossa personalidade é natural"... mas acho que é mais superficialmente. A nossa essência não muda facilmente. É como se toda a nossa personalidade fosse uma esfera. Uma esfera cada vez mais densa à medida que caminhamos para o seu interior, e o seu núcleo é tão denso que quase nenhuma 'acção exterior' lá chega. Não achas possivel que a densidade seja tanta, que a complexidade e os sistemas de defesa sejam tantos que é 'um tanto ao quanto' impossivel chegar ao interior? É que quando as desilusões são sucessivas (e não falo só em termos de relcionamentos, mas tb da vivência só por si) vamos como que reforçando o núcleo central, camada após camada até que chamos quase à superfície da esfera, e por mais que tentemos, só a camada mais superficial está 'acessível' a outros. É claro que alguns amigos conseguem contornar as defesas e penetrar no interior da esfera ;)
Mas é, de facto, o preço da perda de inocência...

 

Enviar um comentário

<< Home